Autenticidade e Transparência na Rede
De acordo com LÉVY (1997, p. 148), a virtualização não se trata de modo algum de um falso ou imaginário. Ao contrário, a virtualização é a dinâmica do mundo comum, é aquilo através do qual partilhamos uma realidade. Longe de circunscrever o reino da mentira, o virtual é precisamente o mundo de existência de que surge tanto a verdade como a mentira.
Para Baudrillard, o sistema tecnológico desenvolvido deve estar inserido num plano capaz de suportar esta expansão contínua. Ressalta que as redes geram uma quantidade de informações que ultrapassam limites a ponto de influenciar na definição da massa crítica. Todo o ambiente está contaminado pela intoxicação mediática que sustenta este sistema.
Face ao exposto, será que existe algo autêntico? Será que as que as pessoas quando se escondem por trás dos perfis falsos também agem de forma transparente?
Autenticidade significa: natureza daquilo que é real ou verdadeiro; estado do que é genuíno; verdadeiro (in Dicionário online da Língua Portuguesa disponível em https://www.dicio.com.br/autenticidade/ 2020).
O ser humano por si só é um ser social. Assim, é impensável pensar que esta revolução tecnológica, não tenha repercussões evidentes nas relações sociais. O tempo e o espaço alteraram-se e nas redes sociais o real não existe (Braudillard, 1981).
Para Maia (2007, p. 6), A identidade do sujeito pós-moderno já não é taxada como fixa ou permanente, como acontecia no Iluminismo. Passa-se a compreender que o indivíduo pode assumir diferentes posições, conforme o papel que está representando, gerando um processo de identificação que não é automático, mas pode ser ganho ou perdido ao longo de sua trajetória. A complexidade da vida cotidiana, atravessada pela globalização que encurta distâncias e conecta comunidades em novas estruturas de espaço-tempo, impõe que assumamos distintas identidades que podem ser conflitantes entre si. Posicionamo-nos frente ao outro de acordo com as expectativas lançadas sobre nós.
Assim, vivemos o que chamamos de identidade líquida ou modernidade líquida, de acordo com Bauman (2005), que discorre sobre a decadência das instituições sociais e a perda de valores propagadas por estas.
Transparência
“O merrian- Webster dictinary define tranaparencia como um estado de ser transparente…qualidade que torna algo obvio ou fácil de entender”
Freud (1969) salienta que o processo de construções de verdades é dinâmico e possui uma enorme gama de variáveis psicológicas sendo influenciadas pelos aspectos cognitivos, percepções, recalques etc. Este emaranhado de processos é o que possibilita que cada sujeito crie sua própria verdade.
“A verdade posta nas Redes é aceita de forma crua, sem preocupação de análise ou senso crítico, pois as massas apenas a absorvem simplesmente porque o grupo afiançou. Entretanto, existem grupos minoritários que comunicam coisas sensatas, mas, por não possuírem um grupo ou aceitação por grande parte da Rede, são desacreditadas”(JOLIVET, 1975, p. 15).
Concluindo:
- Qualquer pessoa pode colocar um conteúdo na internet, mesmo que este não respeite o critério de autenticidade e transparência; dando lugar às fake news que surgem diariamente nas redes sociais, tornando essa informação credível ou não.
- Os internautas muitas vezes não se preocupam em aceder aos conteúdos credíveis e com valor útil porque não há censura;
- Oque conta não é a transparência e a autenticidade, mas sim o valor dado pela comunidade virtual aos conteúdos postados.
- Vive-se num mundo de ilusão e não da realidade, onde as pessoas escondem-se por detrás dos perfis falsos, oque torna impossível identificar a verdadeira pessoa que esta do outro lado.
Referencias consultadas
BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2005.
FREUD, Sigmund. Totem e Tabu e outros trabalhos. In: E.S.B., vol. XII. Rio de Janeiro: Imago, (1912) 1969.
JOLIVET, Régis. As doutrinas existencialistas. Porto: Livraria Tavares Martins, 1975.
MAIA, Aline Silva Correa. Telenovela Projeção, identidade e identificação na modernidade líquida. Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais, agosto de 2007. Disponível em: . Acesso em 21 de dezembro de 2020.
Lévy, P. (1997). O que é o virtual? São Paulo: Edições 34.Brasil (2014)
(in Dicionário online da Língua Portuguesa disponível em https://www.dicio.com.br/autenticidade/ 2020).
Site: Merrian Webster dictionary:https:// www.merriamwebster.com.dictionary/ transparency >acessadao em 11/12/2020
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Baudrillard. Acessado em 12/12/2020
https/www.researchgate.net/profile/Maria_Zulmira_Bessa_Amorim_Cunha/publication/338234424_A_Virtualizacao_das_Redes_sociais_Segundo_o_Pensamento_de_Manuel_Castells_e_Pierre_Levy/links/5e0a22ce92851c8364a6ceb3/A-Virtualizacao-das-Redes-Sociais-Segundo-o-Pensamento-de-Manuel-Castells-e-Pierre-Levy.
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